Blog

A alimentação Kasher é realmente mais saudável?

A alimentação Kasher é realmente mais saudável?

Muitas pessoas se perguntam se os alimentos Kasher, que devem atender a uma série de regras dietéticas e de processamento para cumprir a lei judaica tradicional, são mais saudáveis que os alimentos não kasher. Primeiramente, vale ressaltar que as leis judaicas da Kashrut não têm como objetivo criar uma dieta saudável. Seu motivo é espiritual e humanista, e, em certos casos, algumas leis são difíceis de ser compreendidas. Porém, apesar de não ser o principal objetivo da Kashrut, como uma consequência de sua prática, os alimentos Kasher podem sim acabar sendo mais saudáveis.

Nos Estados Unidos, os alimentos Kasher são a cozinha étnica que possui o maior crescimento em termos de vendas no mercado alimentício comum, relata a empresa de pesquisa de mercado Mintel. As vendas de alimentos kasher chegaram a U$ 12,5 bilhões em 2008, um aumento de 64% desde 2003. Segundo o relatório, 62% das pessoas que compram alimentos Kasher, o fazem por razões que envolvem a qualidade dos produtos, enquanto 51% dizem que compram Kasher devido a suas características saudáveis. Um terço dos compradores de Kasher consideram que as exigências em sua produção são maiores do que as de alimentos não Kasher. Somente 15% dos entrevistados responderam que consomem Kasher por motivos religiosos.

Existem vários diferentes campos onde a supervisão Kasher torna um alimento mais saudável e confiável:

Adulteração de Alimentos

Uma vez que a produção de alimentos Kasher deve ser constantemente acompanhada por um Mashguiach (supervisor), isso em geral acaba implicando numa produção mais devagar e metódica. Sendo assim, é possível aferir com maior certeza que os ingredientes não serão alterados. Segundo Joe Regenstein, professor de ciências da alimentação na Cornell University, “Os olhos extras e velocidades mais lentas, provavelmente permitem que os inspetores do governo façam um trabalho melhor. O fato de uma empresa Kasher estar cumprindo um monte de regras e ser submetida a inspeções aleatórias é algo de extremo valor, embora a maioria dos consumidores realmente não entenda isso detalhadamente.”

Geralmente, um alimento Kasher não corre o risco de ser adulterado, como aconteceu, por exemplo, em 2014 no Brasil. Segundo uma reportagem da revista Veja, “em 12 meses, uma operação conjunta do Ministério da Agricultura (MAPA), Ministério Público do Rio Grande do Sul, Polícia Federal e Poder Judiciário confiscou milhões de litros de leite contaminado e 32 caminhões-tanque saíram de circulação. Vinte e seis pessoas foram denunciadas.” Essa investigação, denominada Operação Leite Compensado, descobriu que diversas marcas de leite modificavam os seus produtos, adicionando formol e soda cáustica, entre outras substâncias. Outros casos de adulteração de alimentos como café, queijo, carnes e mel, foram ou estão sendo investigados no Brasil, e, em sua maioria, poderiam ter sido evitados caso fossem produzidos sob rigorosa supervisão, como ocorre com os alimentos Kasher.

Carnes

O processo de abatimento do animal e a produção da carne para o consumo são denominados “Shechita”. As leis da shechita, escritas na Torá e detalhadamente discutidas no Talmud, têm como objetivo assegurar um menor sofrimento dos animais. Além disso, antes e após o abate, animais são minuciosamente inspecionados a procura de sinais de doenças, que tornam o animal não Kasher. Porém, após o abate, mesmo as partes do animal que são Kasher, ainda não estão prontas para consumo. É necessário salgar muito bem toda a carne para tirar o sangue. Alguns estudos dizem que isso diminui ocorrências de bactérias como E. Coli e Salmonella. Por último, durante todo o processo, desde o abate até chegar na prateleira dos açougues e supermercados, a carne deve estar constantemente sob supervisão.

Frutas, verduras e outros

Segundo as leis da Kashrut, as frutas e verduras que ingerimos devem ser verificadas a procura de larvas e insetos. Algumas espécies estão isentas de inspeção, por não conterem bichos, mas a maioria deve ser cuidadosamente inspecionada, e, qualquer larva ou inseto encontrado, retirados. Isso evita a transmissão de muitas doenças que geralmente são pegas de frutas ou verduras mal lavadas.

Outros alimentos também têm de ser limpos e verificados, como por exemplo a farinha, que precisa ser peneirada, e o ovo que não pode conter nenhuma mancha de sangue.

Confiabilidade

Em geral, alimentos Kasher passam para os seus consumidores uma segurança em relação aos seus ingredientes. Um selo de verificação Kasher de uma agencia ou rabino dignos de confiança, indica com segurança que o produto pode ser consumido, alem de promover informações acerca de seu conteúdo. Por exemplo, se o certificado Kasher dizer, por exemplo, que o produto é parve, o consumidor pode ter a certeza de que o mesmo não possui lactose. Ou, se estiver escrito que o produto é “shehakol”, muito provavelmente este não contém glúten. Se a bracha for “hadama” ou “haets”, o produto conterá produtos naturais da terra como sua principal fonte. Por causa de seus ingredientes, muitos alimentos kasher possuem também o certificado de alimento vegano.

É claro que a supervisão Kasher está sujeita ao erro humano. Porém, como cada processo da produção do alimento deve seguir estritamente as leis judaicas, e um erro pode resultar em diversas pessoas inadvertidamente descumprindo essas leis, os mashguichim tentam sempre trabalhar com a política de erro zero.

Extraído do site http://blogdodvartora.blogspot.com/

Postar comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *